Todos nós estamos acompanhando a Alta da Taxa Selic.
A Selic é uma alta taxa de curto prazo e quando a autoridade monetária a eleva também acaba por “puxar” outras taxas de mercado e de financiamentos para cima, como o conhecido CDI.
Isso significa que os juros cobrados nos empréstimos, de um modo geral, tendem a ficar mais altos, reduzindo o capital disponível no mercado.
Mesmo com todos os processos de melhorias operacionais em que empresas estejam passando, as reduções significativas nos custos de estoques, continuam a ser considerados críticos e fundamentais.
Executivos devem tratar a redução dos custos de estoques diariamente, sem prejudicar o mínimo possível o nível de serviço, ação aparentemente impossível.
Por ter relevância dentro do custo total frente à margem das empresas, mas principalmente, pelo valor imobilizado, o ativo (estoque), afeta diretamente o retorno sobre o capital dos sócios/acionistas.
Fatores importantes
Outro fator importante para evidência do custo financeiro do estoque é o mercado global dos últimos anos do século XX, que foram marcados pelas altas taxas recordes de juros reais.
No Brasil, a situação tem sido ainda mais difícil, pois o governo por inúmeras vezes vem recorrendo ao aumento da taxa básica de juros, como forma de frear o consumo para impedir a volta da inflação.
No entanto, esta medida também aumenta os juros do mercado em geral e torna o custo de estoque caro em comparação aos países desenvolvidos.
Enquanto as altas taxas de juros pressionam para baixo os níveis de estoque, os problemas relacionados às incertezas da demanda e do fornecimento podem restringir as possibilidades de redução.
A diminuição não criteriosa do nível de estoque também pode interferir negativamente na disponibilidade de produtos, comprometendo as vendas da empresa.
Custo financeiro de estoque
Dentro deste contexto, este artigo irá abordar as principais considerações relativas ao cálculo do custo financeiro de estoque e do custo da venda perdida, os quais são conceitualmente tratados como custos de oportunidade.
Por fim, será analisado o impacto dos níveis de estoque no modelo estratégico de lucro que avalia o retorno sobre o capital dos acionistas.
Antes de calcular o custo financeiro de estoque é importante destacar que, por se tratar de um custo de oportunidade, ele não está ligado a um desembolso e também não aparece em nenhuma conta ou nota de pagamento.
Custo de oportunidade
O conceito de custo de oportunidade se refere a uma possível perda de rendimentos pela opção por uma determinada alternativa em detrimento de outra.
Seu cálculo pode ser feito em função da diferença de resultado entre duas alternativas: a que de fato se concretizou e a que teria se concretizado caso a opção tivesse sido diferente.
Para se analisar esta diferença é preciso considerar as possíveis receitas e custos das duas alternativas. Assim, o custo financeiro do estoque faz referência a um possível rendimento que o capital imobilizado teria, caso fosse aplicado em algum outro projeto da empresa. Neste caso, a aplicação em outro projeto seria a alternativa à decisão tomada de investir o capital em uma conta do ativo.
Para tornar o conceito mais claro pode-se imaginar um exemplo no qual um pequeno comerciante, dono do imóvel da sua loja, deve decidir se continua ou não com o seu negócio.
É claro que para este comércio valer a pena, o seu resultado mensal deve ser superior a um possível aluguel do seu prédio, pois em caso contrário, seria melhor fechar a loja e alugar o prédio.
Neste exemplo, o aluguel é visto como uma alternativa e, por isto, o seu possível valor poderia ser considerado como um custo de oportunidade da utilização do imóvel para o seu negócio.
De maneira mais abrangente, se considera que o custo de oportunidade de um ativo é calculado multiplicando-se o seu valor de mercado pela taxa de oportunidade da empresa.
Taxa de oportunidade
Todo investimento gera um ativo podendo ser financiado, ou por terceiros (tendo sua contrapartida no passivo), ou por acionistas (tendo sua contrapartida no patrimônio líquido), ou por uma parcela de cada uma destas contas.
Assim, a taxa de oportunidade é a média ponderada entre a taxa média de juros referente ao passivo (dívidas e obrigações) e a taxa de retorno esperada dos acionistas referente ao patrimônio líquido, sendo utilizado como ponderadores as respectivas proporções destas contas sobre o ativo.
O cálculo do custo financeiro de estoque no caso de uma empresa que comercializa produtos acabados, o custo financeiro de estoque pode ser calculado multiplicando-se o valor dos produtos em estoque pela taxa de oportunidade da empresa independente do prazo da decisão que se pretende tomar.
Pois neste caso, o estoque é valorado com base no preço de compra, o qual, na grande maioria das vezes, é um custo totalmente variável. análise de custo marginal, o mesmo valor do bem poderia não ser imobilizado, caso este não fosse comprado.
Custo da venda perdida
A perda de venda devido à falta de produto para atender a demanda prejudica diretamente varejistas e distribuidores.
Entre a série de complicações decorrentes da falta de produto pode-se destacar o resultado negativo para a marca e a perda de fidelidade dos clientes.
O que acaba recorrendo a outras marcas e produtos substitutos, inclusive outro estabelecimento.
Este resultado avaliado como um possível custo da venda perdida, exigiria uma parcela de arbítrio na sua mensuração.
Uma maneira conservadora de avaliar este custo, desconsiderando as questões relativas à imagem da marca e a fidelidade do cliente, é avaliar exclusivamente o prejuízo relativo à não venda do produto pela sua indisponibilidade.
Voltando ao conceito de custo de oportunidade, a alternativa à venda perdida seria ter o produto e com isto realizar a venda.
Neste caso, a empresa teria uma receita referente ao preço do item, mas em compensação também incorreria em todos os custos variáveis. Para disponibilizar o produto para venda.
A diferença entre o preço de venda e a parcela variável dos custos de um produto é denominada margem de contribuição unitária do produto (MCU).
É importante notar que a MCU difere do lucro unitário, pois esta despreza todos os custos fixos. Considerados irrelevantes a esta análise por ocorrerem independente da venda.
Neste caso, o custo de oportunidade unitário da venda perdida devido à falta de um produto é igual à sua MCU. Ainda desconsiderando as questões relativas à falha do serviço e repercussão na imagem da marca. A marca é avaliada com mais certeza por outros indicadores de performance não ligados a custos. Como a frequência da ruptura de estoque, a disponibilidade média, o número de dias com stockout etc.
Relação entre o custo excesso e o custo da falta
O custo do excesso considera os custos referentes à sobra de uma unidade em estoque, por isso é equivalente ao custo de manter um item. Já o custo da falta corresponde ao caso inverso, sendo equivalente ao custo da venda perdida.
O trade-off entre o custo do excesso e o custo da falta é chave para a parametrização de qualquer modelo de gestão de estoque. Independente do método.
Quanto maior for o custo de excesso de um produto em relação ao custo da falta, menor deve ser o estoque de segurança. Para assim atender as possíveis variações de vendas e falhas de suprimento ou de produção.
Em contrapartida, quanto menor for o custo do excesso em relação ao custo da falta, maior deve ser o estoque de segurança do produto.
Como resultado desta relação a meta de disponibilidade de produto deve variar de acordo com a relação entre o custo unitário financeiro de estoque. Mas visando sempre também a MCU do produto.
O impacto do estoque no modelo estratégico de lucro
Cada vez mais os indicadores financeiros estão ganhando importância no gerenciamento das empresas. A restrição de capital para novos investimentos faz com que as empresas tenham que maximizar o retorno do capital empregado.
Para isto, é necessário gerar o máximo possível de resultado com o mínimo possível de capital. Do ponto de vista operacional, isto é equivalente a maximizar o lucro e ao mesmo tempo minimizar os ativos.
Assim, a ideia de desmobilizar ativos tem ganhado força dentro das empresas. Para isto, algumas práticas tornaram-se comuns ao longo dos últimos anos, como por exemplo:
- Vender ativos fixos, como prédios e fazer opção por alugá-los;
- Terceirizar atividades intensivas na utilização de ativos que não façam parte do core business da companhia;
- Optar por leasing ou aluguel de meios de produção;
- Reduzir os níveis de estoques, consequentemente diminuindo esta conta do ativo.
A diminuição do nível de estoque é, pelo menos aparentemente, entre os tópicos citados, a maneira mais fácil e rápida de se reduzir os ativos.
Quando a conta de estoque deve ceder pelo menos na mesma proporção das demais, as contas do ativo são reduzidas.
Caso contrário ela se torna mais representativa no ativo total. No entanto, o retorno sobre o patrimônio líquido mais sensível à variação na conta estoque, forçando, ainda mais, a sua redução.
Modelo estratégico de lucro
O modelo estratégico de lucro permite avaliar a relação entre o estoque e os indicadores financeiros. Ele é usado para o cálculo do retorno sobre o patrimônio liquido (RSPL), que representa o retorno sobre o capital do sócio. Ainda mais, o RSPL é resultado do retorno sobre ativo (RSA) multiplicado pelo recurso financeiro da empresa.
Este modelo é usa-se para gerar cenários e testar análises de sensibilidade do impacto da variação das contas do ativo. Como o estoque, nos indicadores de retorno, os quais tornaram-se os mais importantes mensuradores de performance das grandes empresas.
Com isto, a gestão de estoque é feita e analisada não apenas pelo seu resultado de custos mas principalmente pelo impacto financeiro.
Pois o estoque é um ativo e por consequência a sua variação acaba afetando o RSA e consequentemente o RSPL.
Vale destacar que o conhecimento base dos principais conceitos de custos é de fundamental importância para aplicação de uma metodologia de custeio dos estoques. Mas também para a utilização destas informações de custos nas decisões relativas à gestão de estoque e organização de demanda.
Dado isto, a visão financeira da influência do estoque no retorno sobre o capital líquido é importante. Para entender o estoque no olhar de sócios e da administração.
Nós do James Tip entendemos a importância do planejamento de estoque, desta forma a Plataforma sugere recomendações diariamente.
Levando em consideração as diversas características das operações, se torna um processo de análise, planejamento em ações reais com resultados superiores à média de mercado.